Na última quinta-feira, 23 de julho, o diretor Rodrigo Cadorin conversou com a atriz, diretora, dramaturga e professora Lisiane Berti em mais um episódio da série de lives “Amigo de Café” promovido pelo Estúdio de Pesquisa Teatral Lisi Berti.
No bate-papo ao vivo que durou pouco mais de 50 minutos, os dois analisaram o cenário atual tendo como foco principal o tema “criatividade em tempos de pandemia”.
Com eventos cancelados desde março, a D’arte Multiarte tem concentrado suas energias para, além de seguir em contato com clientes para cotação de orçamentos e novos projetos, voltar seu olhar para dentro da empresa.
“Eu entendo que a mudança global está vindo em dois planos: o plano racional e o plano emocional. Estamos saindo de uma era de excesso para, se tivermos abertos, se formos perceptivos e estivermos preparados, entrar em uma era de essência. O desafio criativo é encontrar essa essência. É um claro momento de ruptura, todo processo disruptivo tem um grau variável de trauma e de dor. Eu entendo que esse trauma e essa dor também sejam especiarias na mistura de temperos que compõem esse processo criativo. É um momento de muita oportunidade, não de comercializar mais, mas de amadurecer, entregar melhor”.
Rodrigo Cadorin
Sobre o formato de atrações virtuais, a exemplo das lives que se popularizaram no país como uma nova forma de entretenimento durante o isolamento, Cadorin acredita que é uma maneira de suprir a demanda do momento, mas que deve ser uma tendência passageira: “É importante a gente tentar estabelecer um senso de normalidade. Pelo lado da saúde precisamos do distanciamento, mas do ponto de vista emocional, mais do que era antes, precisamos da proximidade e é por aí que a live vem trafegando. Acaba sendo um canal direto com o espectador, acho que vai sofrer muita transformação, mas não sei se vai virar um produto no futuro”. Ele afirmou ainda que se usada de maneira criativa, conceitual e valorizando o lado humano, as lives podem se transformar em poderosas ferramentas, mas desde que o espectador seja o alvo, desde que se estabeleça uma conexão direta com o lado emocional de quem assiste.
O desafio no momento é desenvolver um produto que supra as novas demandas, tanto de cuidados e segurança, como de expectativas e anseios do público que desde março passou a consumir cultura de uma forma diferente. Durante este período, muitas das criações da D’arte Multiarte têm sido na área de Arte Aplicada, cenografias temáticas, já que os espetáculos ainda estão sem previsão de retorno. Dentro dessas área, Cadorin reforça que as criações estão focando na valorização de conceitos humanos como o estímulo ao convívio em família. “Estamos tirando a interatividade, mas valorizando os conceitos humanos. Estamos trabalhando muito porque a gente acredita num futuro melhor logo ali na frente, melhor que o passado e melhor que o presente”, ressaltou.
Além de entender as mudanças na área de atuação e adaptações necessárias na cena artística, o diretor destacou a importância de entender a nova sociedade que teremos depois da pandemia. “Mais do que conjecturar como é que vai ser a cena artística depois disso tudo é entender que espécie de sociedade nós vamos ter, que espécie de espectador vai estar no afã de consumir arte e como vai se comportar em salas de espetáculos, teatros, cinemas… pra gente justamente pensar em que produto colocar. A sociedade vai estar mais seletiva, mais social, mais cultural”.
Segundo Cadorin, o artista tem uma obrigação ética em ajudar a sociedade e a comunidade em que está inserido. “Com criatividade, com arte a gente pode resolver muito problema do mundo. Somos criadores e podemos mostrar isso pro mundo, sobretudo agora. A gente não é médico, enfermeiro, mas temos criatividade. É nossa obrigação como ética da profissão usar todas as ferramentas e atributos, sejam acadêmicos ou por dom, para ajudar o mundo”, reforçou.
Para encerrar, o recado final do diretor foi: “Enquanto o mundo espera, a gente está se preparando, está criando e está entendendo o que a gente pode ajudar para atenuar um pouco esse sentimento que tá no ar. Porque a gente vai voltar. Um dia isso tudo vai acabar e quando esse dia chegar a gente vai estar saudável, realizado e feliz, e isso significa estar preparado, estar pronto. A gente deve estar preparado com o melhor que a gente pode fazer”.
Perdeu a live? Saiba como assistir:
Para conferir a live na íntegra clique em https://www.instagram.com/tv/CDAIYaXnAXP/?utm_source=ig_web_copy_link.